"MDNA" Madonna

A melhor review na minha opinião


Madonna diz 60 vezes «bitch» num álbum ligeiro de música em que o filtro se perde definitivamente para com a necessidade de justificar nova digressão.


Por muito que se obrigue a pausas no calendário, Madonna está sempre entre nós mas o lugar no trono que justifica essa omnipresença só não é posto em causa com maior veemência porque a defende um currículo inigualável. É esse passado que, aliás, a grande massa que faz filas desde as 7 da manhã para comprar bilhetes para os concertos quer reencontrar, sobretudo quando se tem um «MDNA» para apresentar.

Os singles já o anunciavam e o álbum não recebe melhor opinião. A nova colecção de Madonna é a mais fraca, desinspirada e autista que alguma vez mostrou. Deslocada para quem sempre esteve a tempo do presente. Pouco criteriosa para com produtores de segunda categoria que nem no seu ramo são os melhores - David Guetta é superior a Martin Solveig e seria sempre melhor ter os Swedish House Mafia do que Benny Benassi.

O problema de fundo mora na filosofia. Madonna sempre soube antecipar tendências mas graças à efemeridade da cultura pop na era digital, os centros estão agora segmentados não existindo um núcleo como ainda se encontrava em«Confessions On a Dance Floor», o disco que recuperava a cultura disco e hi-nrg da Nova Iorque do dealbar de 80.

«Hard Candy» já denunciava essa questão, entroncada na perda de filtro em relação aos produtores. Há quatro anos, Madonna não se importou de ficar com os beats que Timbaland guardava na reciclagem mas, desta vez, deixou que os seus singles «Gimme All Your Luvin» e «Girls Gone Wild» descessem ao nível da lixeira.

São palavras fortes mas que se compadecem com a emoção posta em «MDNA» e que é nula. O álbum que sucede à assinatura de um contrato transversal e milionário com a Live Nation nasce da necessidade de justificar uma digressão e apenas isso. Não há nada de relevante num lote de canções que, no máximo, recuperam o ambientalismo característico de William Orbit, sintetizado no magnífico «Ray of Light», de 1998.

É que até de um ponto de vista puramente mercantil «MDNA» é trágico. Madonna procurou na pop americana de raiz electrónica europeia o fundamento para pôr os fãs em sentido. O que conseguiu foi um lugar na retaguarda de um pelotão formado por artistas mais novas, astutas e despertas. O trono está seguro pela longevidade mas «MDNA» é acreditar demasiado na Virgem e até a Rainha, como a arte sacra, está sujeita a julgamento popular.

Madonna

«MDNA»

Interscope/Universal



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